Desapegando

Quando eu tinha uns 10 anos, minha mãe me levou pra cortar o cabelo (que era enorme), porque eu disse que queria diminuir uns 2 dedos e repicar um pouco. Ela explicou pro cabeleireiro como eu queria e me deixou no salão enquanto foi fazer umas coisas na rua. O cara se empolgou e foi cortando, cortando. A cada pedaço de cabelo que caía, uma lágrima minha caía junto. Não sei porque, mas eu não conseguia falar nada. Quando Mamy's chegou, olhou meus olhos vermelhos, meu cabelo na altura da nuca e disse: "Ficou linda, filha". Mas ela sabia que eu tinha odiado. Passei semanas sem sair de casa, arrasada.

Desde então, nunca mais tive coragem de fazer nada no cabelo, a não ser aparar um pouco as pontas, cortar uma franjinha, essas coisas. Meu cabelo demora horrores pra crescer. Muito mesmo. E eu sempre gostei de cabelo comprido.

Apesar de ter cabelo liso, o fato de ser longo me obriga a ter um cuidado constante, porque senão ele fica opaco, feio, sem brilho. Como meu cabelo é  um pouco oleoso, fico agoniada se passar mais de um dia sem lavar, e acabava indo dormir com o cabelo úmido (nem sempre tava com saco de secar com secador).

Daí eu percebi que andava passando a maior parte do tempo de rabo de cavalo, coque, trança. Dificilmente usava o cabelo solto. Então decidi que ia radicalizar, enfrentar o trauma e cortar!

Nessas duas fotos abaixo, há uns 2 anos, fase em que meu cabelo atingiu o maior comprimento.

E aqui, como ele estava, antes de cortar.

E aqui, o novo visu!

Olha, confesso que ainda não me acostumei, é esquisito principalmente na hora em que lavo, porque procuro o cabelo... e nada! E sinto falta de poder fazer uma trança, um coque. 

Mas pelo menos eliminei uma parte que estava ressecada, e sinto meu cabelo mais sedoso e macio. E também é tão gostoso sentir que ele seca mais rápido.  Sei que vai demorar séculos para que ele cresça, mas acho que me adapto melhor ao cabelón! Quem sabe até lá eu mudo de ideia...